Caro Zé,
Foi providencial o acto do teu patrão em despedir-te. E se digo que foi providencial é porque, prontos, foi definitivo e não valerá a pena falar mais disso, mas por outro lado porque veio mesmo a calhar para te renovar o convite que te fiz pouco depois de saíres do Benfica e que gentilmente declinaste.
Pois é, Zé!… Preciso que venhas treinar o meu Atlético de Valdevez, que apesar de estar em primeiro lugar da segunda B, gostaria de ver a disputar - e a ganhar, claro - a «Champions League», que como o teu inglês deve deixar perceber, é a designação actual para a antiga Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Prometo que te darei carta branca para contratar quem tu quiseres e que nunca, sob argumento nenhum, interferirei no teu trabalho, como esse palerma do Abramovitch costumava fazer contigo.
Amanhã, logo a seguir ao almoço, dou-te um telefonema para acertamos os pormenores, pois espero que desta vez não me faças a desfeita de recusares.
Um abraço do teu amigo
Zé.
PS. – Quanto aos teus honorários, depois vê-se, pois acredito na tua capacidade para reconhecer que entre amigos como nós não existem pruridos desses.