Vila Moura, sábado de calor. Praia apinhada. Onze e trinta da manhã. Ela, debaixo do guarda-sol, põe creme protector. Ele, bronzeado, musculoso, aproxima-se decidido.
— Sozinha?
— Não! Acompanhada! Com o meu marido!
— Onde?!… Não o vejo!
— Foi ao carro buscar os óculos de sol.
— É pena!
— O quê? O meu marido ter ido ao carro, ou eu não estar só?
— Não estar só!
— Mas porquê?
— Experimente imaginar.
— Não consigo!
— Imaginar-se sozinha?!
— Não é isso! Imaginar o que é que aconteceria se estivesse sozinha…
— Fácil! Conversávamos, por exemplo.
— Não é o que estamos a fazer?
— Mas era diferente.
— Diferente como?
— Se estivesse sozinha, poderíamos conversar sobre outras coisas.
— Sobre o tempo?
— Claro que não!
— Então?
— Sobre nós os dois, por exemplo!
— Mas nem sequer o conheço!
— Não estaria já na altura?
— De quê?
— De me conhecer!
— E não seria ir depressa demais?
— Amanhã é capaz de ser tarde…
— Então porquê?
— Caso-me amanhã!
— Pois é, mas hoje também é cedo, muito cedo!
— Revanchismo?
— Não! Nada disso! Casei-me ontem!
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