O pagamento por parte da empresa de construção Somague, já há seis anos, de uma factura de 230 mil euros, por serviços prestados pela Novo Design ao PSD, vem levantar, muito justamente, uma questão tão simples como esta: a que propósito e a troco de quê?
Uma coisa é uma empresa fazer um donativo ao clube da terra ou aos bombeiros voluntários, por quem o presidente do conselho de administração ou os seus sócios-gerentes têm natural simpatia e compreensão pelas crónicas dificuldades em que vivem atulhados, outra, bem diferente, é o que se oferece a um partido político, entidade cujo objectivo último é, naturalmente, o exercício do poder.
E o busílis da questão não é tanto saber porque é que se oferece, mas muito mais o que é que se ganha com isso, sim, porque ninguém é ingénuo ao ponto de, nesta relação tantas vezes promíscua de capital/poder e no financiamento partidário, pensar que se trata do mais autêntico altruísmo.
Marques Mendes, numa estranha reacção de incredulidade, ainda acrescentou perante os jornalistas, que a haver responsabilidades (presume-se que do seu partido) elas certamente viriam a ser apuradas.
Como diria o meu amigo Antônio Querido Fracasso, um proficiente engraxador baiano, homem de boa prosa que conheci em Salvador e a quem as voltas da vida fizeram céptico, «sei não, dotô, sei não!»
Lembram-se das buscas que há cerca de dois anos a Polícia Judiciária fez, com grande aparato, à Câmara Municipal da Amadora e à casa do seu presidente Joaquim Raposo? De que se suspeitava? Financiamento partidário, ao que foi divulgado. E em que é que deu?
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