Eu, pelo menos, sempre o imaginei assim: zangado. Acordando mal disposto, rezingão, acrimonioso. Cuspindo fogo e impropérios. Tal e qual o Porto, o Futebol Clube do Porto.
Temo ser injusto, mas é assim que eu sinto os dirigentes do clube das Antas, permanentemente com cara-de-pau, emproados, transpirando auto-suficiência balofa, de mal com Deus e o diabo, como se toda a gente lhes devesse dinheiro e ninguém lhes quisesse pagar.
Mas depois deste desabafo vamos ao que interessa:
O avião da TAP que transportou a equipa do FCP da Holanda - onde venceu o torneio de Roterdam - para o Porto, com escala anunciada em Lisboa, partiu de Amsterdam com um atraso de duas horas, facto que nestas coisas de tráfego aéreo toda a gente sabe que é o pão nosso de cada dia.
De qualquer forma um atraso é sempre um atraso, e duas horas dão perfeitamente para perder alguma da serenidade em que são pródigos quer os dirigentes quer os jogadores de futebol.
Chegado o avião a Lisboa, foram os passageiros informados de que seria necessário mudar de aeronave (o pessoal de bordo gosta muito destes termos) para rumar à Invicta.
Convenhamos que depois de duas horas para os procedimentos habituais do chek-in, do atraso de outras duas no aeroporto holandês e mais três horas e meia de voo, a cara do maralhal por mais este contratempo não deve ter sido da mais prazenteiras.
Como se isso já não bastasse e para agravar a situação, verificou-se, depois dos passageiros acomodados em novo avião, que havia mais viajantes que lugares, tornando-se necessário parar um pouco para pensar e resolver mais este imbróglio.
Está bom de ver que quem viria a pagar com as favas seriam, obviamente, os comissários de bordo, que devem tê-las ouvido bonitas. De murcounhe para cima.
Ora quem não gostou nada dos impropérios, foi a chefe de cabina, a quem Antero Henrique, director da SAD portista, teria acusado de «estar com cara de parva», e, por via disso e por não ser de modas, se decidiu a chamar a polícia para, sustentada esta pela mão pesada da lei, identificar o desnorteado dirigente e impedi-lo de viajar.
Solidária com o seu director, toda a equipa saiu de imediato do avião, para, numa decisão certamente ponderada, tomada em ambiente propício para o efeito e num clima calmo como se adivinha, ir toda a gente de autocarro para cima. Pelos vistos já ninguém estava com pressa.
Mais ponderada contudo foi a decisão anunciada logo a seguir pelo clube: pela TAP, nunca mais!
Estou mesmo a vê-los!...
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