foto de Joaquim Antunes
Na Assembleia-Geral que elegeu o engenheiro Pompílio como 23º presidente do glorioso Imortal Clube, toda a gente o ouviu prometer que nesse ano é que era.
«Chega de tanto jejum, basta de tantos anos de infortúnio!», proclamava categórico, naquele seu inflamado discurso de posse, perante a massa associativa que o vitoriava.
«Deus não pode ser tão injusto para connosco», recordam-se de o ouvir dizer ainda hoje, muitos daqueles que estavam lá presentes nessa jornada memorável.
A poeira entretanto assentou, a euforia passou, e não falta agora quem lhe aponte o dedo. Principalmente o Almeidinha, o candidato derrotado, que na noite da eleição, de bloco em punho, foi anotando todas as promessas que o engenheiro fazia. Para o que desse e viesse.
Apesar da boa-vontade demonstrada por Pompílio nas contratações que fez com dinheiro saído do seu próprio bolso, os reforços que foram chegando à equipa nesse ano (Jandir, Rubem, Denildo, Rimaldo, Juskoviak, Krotchenko e Lindinho), não trouxeram mais-valia substancial à produtividade do plantel que, no dizer amargurado de muitos adeptos que entre o angustiado e o boquiaberto ainda persistiam em assistir aos inqualificáveis jogos do seu querido clube, se situava «nitidamente abaixo de cão».
Degrau a degrau, o Imortal foi-se estatelando na lama da mediocridade, afundando no pântano da inoperância, sepultando, cada vez mais irremediavelmente, no poço da adjacência.
De chicotada psicológica em chicotada psicológica foram caindo, sob a espada democliana do engenheiro Pompílio, os treinadores incompetentes, os guarda-redes comprovadamente aselhas, os defesas inábeis ou mesmo vesgos, os médios-ala com a mania de pombos-correios e os avançados com mais de 45.
Mudou-se radicalmente a estratégia e institui-se uma outra filosofia no grupo. Rejuvenesceu-se a equipa só com filhos da terra: o João Luís, o Artur, o Fintas, o Ricardo, o Escadote, o Neto, o Leite, o Primor e sei lá bem quem mais. Até a Maria Armanda, que sempre fizera tudo por dinheiro e de quem se esperava qualquer coisa menos um nobre gesto de altruísmo, se prontificou a dar uma ajuda como psicóloga da equipa.
No horizonte perspectivam-se agora melhores dias. Para o clube e, concomitantemente, para o engenheiro Pompílio, seu presidente.
Mas não se pense porém que tudo são rosas. Não, porque o Almeidinha, qual abutre impiedoso, qual milhafre implacável, continua vigilante à espera do deslize definitivo do engenheiro. O tal erro fatal que há-de conduzir o crónico opositor finalmente aos comandos do Imortal.
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