«É uma medida inaceitável, incompreensível e extremamente lesiva dos interesses dos cerca de 25 mil habitantes do concelho, pelo que faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar que ela seja posta em prática». Estas palavras são do presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, Francisco Araújo – e socorro-me dos jornais para recordar estas declarações -, proferidas poucos dias antes de 28 de Fevereiro deste ano, data da manifestação que reuniu mais de 5000 pessoas em protesto contra o anunciado encerramento das urgências no Centro de Saúde da vila e na qual declarou, irredutível, que «a nossa luta só acabará quando o ministro desistir».
Ora o que se passou a seguir é que o ministro não desistiu dos seus propósitos e possivelmente perante a ausência de saber e engenho do autarca e da fragilidade do suporte que tinha da população – e não sou eu quem o diz, mas os factos que o evidenciam -, a luta acabou quando o último dos manifestantes virou costas àquela concentração popular da última quarta-feira de Fevereiro. E nem a insensata manifestação de intenções de um dirigente local do CDS entrar em greve de fome, veio acrescentar mais força ao propósito do protesto.
Tudo acabou anteontem, dia 7 de Agosto, sem brilho nem glória, com a assinatura de um protocolo entre Correia de Campos, o ministro, e Francisco Araújo, o presidente da Câmara, que a troco de uma ambulância de Suporte Intermédio de Vida em permanência e uma unidade de cuidados continuados, desistiu da «sua» luta, mandando às ortigas aquilo que classificara como sendo os interesses dos cerca de 25000 mil habitantes do concelho.
E se ao assinar o protocolo declarou que o fez «com a convicção de que nos estão a tirar algo, mas que a minha não assinatura criaria para o concelho prejuízos maiores», isso são argumentos de mau perdedor para salvar a face de uma luta na qual estava farto de saber que, em termos estritamente políticos - e porque é disso que se trata -, ele iria sair derrotado.
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