Eu até compreendo que as pessoas sintam necessidade de descansar, de quebrarem a rotina mudando de ares, indo para lugares diferentes, paradisíacos de preferência, daqueles tais que enchem o olho como o das fotografias dos folhetos das agências de viagens, das revistas da especialidade ou dos programas de televisão.
Até aí, tá-se bem meu, e cada qual faz o que quer ao seu subsídio de férias ou ao crédito da cofidis. Agora, convém a uma pessoa que vá para fora de Portugal passar férias, saber um mínimo de geografia. Não muito. Bastam só três coisas básicas:
Primeira: Que a Terra é redonda e tem um Equador a dividi-la em dois hemisférios simétricos;
Segunda: Que quando no Hemisfério Norte (onde nós estamos) é Verão, no Sul é Inverno, sendo o inverso também verdadeiro;
Terceira: Que na zona do Equador (a tal linha imaginária que divide o Mundo em dois), os meses de Julho, Agosto e Setembro, são aqueles em que chove mesmo a sério e é a altura do ano mais propícia a furacões, ciclones ou tufões (designação adoptada na Ásia para o mesmo tipo de fenómenos atmosféricos).
Desconhecendo-se estes elementares princípios, pode correr-se o mesmo risco que centenas de portugueses correram ou estão neste momento ainda a correr, devido aos efeitos devastadores do furacão «Dean» que está a assolar a região das Caraíbas.
Todos os anos a situação se repete, com as agências de viagens a não desistirem de promover estes «paraísos» (que até o poderão ser, mas em períodos diferentes das do nosso Verão), sem alertarem as pessoas para os reais perigos que se podem correr nesta altura do ano. Como no caso, por exemplo, dos 380 portugueses que neste momento estão a ser evacuados da Jamaica em avião enviado de Lisboa para o efeito.